O princípio fundamental é este: saber qual Jesus Cristo estamos, de fato, divulgando.
(pascombrasil.org.b).-Há um conceito na Igreja, ressaltado pelo Papa Bento XVI em seu pontificado, a Via Pulchritudinis ou o Caminho da Beleza. Este é um meio sublime de alcançar Deus, não apenas pela fé ou pela razão, mas através da contemplação da beleza presente na arte e na natureza. É uma conexão com o Divino que se estabelece pela percepção de obras de arte sacra, da arquitetura de catedrais e santuários, do esplendor dos vitrais e mosaicos, entre outros tesouros artísticos que, através das artes, elevam a alma.
Essa experiência da beleza nos revela como o belo, em sua essência, pode servir como uma verdadeira “ponte de conexão” que conduz à espiritualidade. Ele provoca meditações profundas, abrindo caminho para um aprofundamento da fé e um encontro mais íntimo com o Pai.
Ao traçarmos uma analogia com as redes sociais, podemos analisar os ambientes online sob a mesma luz do conceito do Caminho da Beleza. Imagine uma Via Pulchritudinis digital como a “ponte de conexão” entre o vasto universo digital, com sua capacidade de divulgação em massa de mensagens, e os fiéis de nossas paróquias.
As redes e mídias sociais, como ressaltou o Papa Francisco em sua mensagem no congresso sobre inteligência artificial realizado em 2020 no Vaticano, são essas “novas tecnologias” que ele descreve como “um dom de Deus, ou seja, um recurso que pode dar frutos para o bem”. Elas podem e devem ser o caminho para a evangelização nas chamadas “avenidas digitais”.
Mas, como podemos transformar os perfis de nossas paróquias em uma autêntica Via Pulchritudinis, que realmente conecte os fiéis ao divino?
O princípio fundamental é este: saber qual Jesus Cristo estamos, de fato, divulgando.
Essa é uma provocação que toca profundamente a nossa missão de comunicadores católicos. Ela se torna não apenas necessária, mas urgente, diante de tantos cenários de exageros na exposição online. Há episódios que nos fazem questionar, com a participação de sacerdotes inclusive, se o objetivo é evangelizar ou apenas buscar atenção, chegando a, por vezes, desvirtuar ou ridicularizar a própria função da Pastoral da Comunicação.
Será que é essa a Via Pulchritudinis que leva as pessoas ao coração do Altíssimo? Será que esses episódios, envolvendo sacerdotes e agentes paroquiais, realmente funcionam como “pontes de conexão”?
Essa realidade também provoca um debate importante sobre os limites da busca por visibilidade nos perfis paroquiais, especialmente em plataformas como Instagram e TikTok. As chamadas “trends” do momento viralizam tão rapidamente que, se uma paróquia se mantém fora da “modinha” digital, é questionada e até comparada a outras igrejas, correndo o risco de desviar-se do verdadeiro rumo da missão e do Caminho da Beleza autêntico.
É claro que as gravações e divulgações, em sua maioria, possuem o consentimento dos envolvidos e, sim, podem gerar um engajamento numérico maior do que outros conteúdos mais tradicionais. Mas isso nos leva a um questionamento crucial: Somos escravos do algoritmo? Essa é uma reflexão urgente para todos os pasconeiros e pasconeiras.
A Via Pulchritudinis digital deve ser permeada pelo que o Papa Francisco chamou de “algor-ética”. Segundo o Pontífice, essa “algor-ética” “pode ser uma ponte para garantir que os princípios sejam inscritos nas tecnologias digitais, através de um diálogo transdisciplinar eficaz”. Isso significa que as ferramentas digitais podem e devem nos levar a um encontro real com o rosto do Cristo Ressuscitado, através de conteúdos paroquiais cuidadosamente pensados para a evangelização.
Assim, a “algor-ética” deve guiar a transformação das “avenidas digitais” em caminhos que conduzam os fiéis aos altares das igrejas, criando laços pastorais sólidos, aumentando o número de “operários para a messe” e, sobretudo, mantendo as portas abertas para todos que desejam unir-se na construção da Civilização do Amor.