Não se trata de negar a importância do ambiente digital para aplicar a prática missionária, mas de lançar um olhar crítico e amoroso sobre os caminhos
(pascombrasil.org.br).-A comunicação nas redes sociais, especialmente quando vivida como missão, exige mais do que engajamento. Pede discernimento. No contexto do Jubileu dos Missionários Digitais e dos Influenciadores Católicos, celebrado recentemente no Vaticano, somos convidados a refletir com o Papa Leão XIV: estamos comunicando para evangelizar ou apenas influenciar? Estamos de fato a serviço da Palavra ou reproduzindo tendências que geram mais seguidores do que discípulos? Estamos dialogando em rede, fazendo acontecer a Cultura do Encontro, ou estamos apenas aproveitando a presença digital enquanto likes?
Vivemos um tempo em que a lógica da influência parece substituir os processos da escuta, do diálogo e do anúncio autêntico. Enquanto comunicadores no ambiente pastoral, somos todos missionários por meio do digital, e isso não é apenas produzir conteúdo bonito e “instagramável”, é assumir a responsabilidade de uma comunicação que forma, transforma e testemunha. Isso exige de nós a base, exige processo, exige comunhão com a vida da Igreja e fidelidade ao Evangelho, além de estarmos em constante formação.
Não se trata de negar a importância do ambiente digital para aplicar a prática missionária, mas de lançar um olhar crítico e amoroso sobre os caminhos que estamos trilhando quando nos propomos a falar algo em nome de alguém. Influenciar não pode significar manipular, nem comunicar individualmente, como destaca o Papa, não significa moldar pensamentos ou afetos segundo preferências pessoais. A evangelização, ao contrário, respeita a liberdade do outro, aproxima com ternura, desperta sem impor.
Talvez o desafio maior seja não nos deixarmos seduzir por uma comunicação centrada em performance. O Papa Francisco já nos alertou sobre os riscos da “confusão de linguagens sem amor”. A comunicação da fé precisa ser evangelizadora antes de ser influente. E isso significa mais serviço, mais profundidade.
E o Papa Leão XIV reforçou com sabedoria:
“Redes onde se possa consertar o que está partido, onde se possa curar a solidão, sem se importar com o número de seguidores [followers], mas experimentando em cada encontro a grandeza infinita do Amor. Redes que deem espaço ao outro mais do que a nós mesmos, onde nenhuma ‘bolha de filtros’ possa apagar a voz dos mais fracos. Redes que libertem, que salvem. Assim, cada história de bem compartilhada será o nó de uma única e imensa rede: a rede das redes, a rede de Deus.”
Afinal, pasconeiras e pasconeiros, já se perguntaram o que querem ser nas redes? Que nossa missão digital seja sempre um reflexo do encontro com Aquele que, com amor, nos comunica o Reino.